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A S. viu o avô chorar e desde aí não parou de perguntar se já tínhamos notícias. Desta vez cabia-me a mim falar-lhe daqueles que já não vamos abraçar mais... é muito difícil... se eu não entendo porque a vida nos rouba de repente a felicidade como vou explicar à minha filha? Como falar-lhe da perda, da falta, do vazio, da morte? Não sei, não estou preparada, nunca estamos, nunca havemos de estar. Mesmo assim digo-lhe o menos possível na tentativa que o tema se desvaneça na próxima brincadeira mas não, as perguntas continuam... só morremos se formos velhinhos? a tia era velhinha? a tia vai conhecer a avó velhinha? mas elas moram longe!? no céu vão viver na mesma casa?
Enchi-me de coragem e abri-lhe o meu coração. Sossegou. Mas afinal não fui eu, de volta a casa descobri que a nova prima que conquistou por completo o coração da S. e com apenas uma dezena de anos apaziguou da forma mais simples e doce as suas dúvidas e medos.
E aprendemos mais uma vez a lição que a vida teima em fazer-nos esquecer. Temos tão pouco tempo. Ocupamos o tempo com tudo o que não interessa. Existem sorrisos que podiam fazer parte da nossa vida. A saudade vai sempre estar lá. Temos de continuar o caminho com alegria. Um dia voltaremos a abraçar-nos...